segunda-feira, 22 de abril de 2013

Poesia no Blog: A Violência

A VIOLÊNCIA

“É profundamente injusto que Deus, tendo limitado severamente a inteligência humana, não tenha limitado, também, a estupidez humana”. (Adenauer)

Por: Paulo Francisco M. Pacheco – Tenente-coronel Reformado da Brigada Militar e Cir. Bucomaxilofacial
 
A notícia de que aumentou o número de latrocínios em nossas cidades é terrivelmente perturbadora. Ela espanta pais e avós que, nas madrugadas, vêem seus descendentes entregarem-se à boemia descuidada. De um lado, assassinos à espreita, de outro, jovens a se exporem desnecessariamente, na comprovação de que a vítima exerce um papel decisivo no desencadeamento da ação homicida. A esses jovens pouco importa que os pais padeçam horas indormidas, recorram a calmantes, pois sequer têm o direito de buscá-los nas boates. Preferem arriscar a vida a serem passíveis de um presumível “mico”.

Do lado dos criminosos a permanente vontade de delinqüirem e a circunstancial oportunidade de matar, para a qual, volvo a dizer: a vítima não raro colabora. Patente e patentíssima, no entanto, a pressão que a pena severa exerce – seja a capital seja a perpétua – sobre o homicida em potencial. Prova marcante disto se deduz do comportamento do uxoricida norte-americano, que levou a esposa para assassiná-la num Estado vizinho ao seu, onde não havia a pena de morte. Pois, inadvertidamente, errou a ponte divisória entre os estados e acabou eletrocutado.

Pouco importa a tese esposada, se somos anjos decaídos ou animais aperfeiçoados. Inclino-me a crer que possamos ser animais decaídos, pois estes não têm maldade: esta é apanágio do homem. Em verdade, os estupradores e assassinos de mulheres e crianças, não são humanos, haja vista o tratamento que lhes é dado pelos próprios detentos, comumente ciosos na defesa de suas famílias. De outra banda, a contemporização com a delinquência, seja ela de ordem legislativa, judicial ou policial, é, claramente, um incentivo à criminalidade. “A clemência para com o homicida, é homicida”, advertiu Shakespeare.

Qual então deve ser nossa resposta à violência brutal, cruenta, ostensiva, provocadora, exibicionista, hedionda?

A passividade? Alegarmos que esta é mais uma cruz que Deus nos deu para carregar? Ora, esta atitude é inconciliável com a missão cometida aos policiais e deve ser adotada somente pelo cidadão hoje indefeso, desarmado, haja vista a ultra-atividade da Lei do Desarmamento, fruto do desrespeito do Governo ante o resultado de inútil dispendioso referendum.

A resposta também violenta da vítima? Esta atitude tem sido desaconselhada pelos órgãos policiais. Tomada de surpresa e desarmada, torna-se difícil e temerária a reação da vítima para decidir, num átimo, se a audácia está em agir com prudência ou se a prudência está em agir com audácia.

Opção pela não-violência ativa? Esta é a tese daqueles visionários que crêem obter uma “revolução interior” em psicopatas incuráveis. Ademais, crueldades sem limites, ainda não-registradas nos anais do hebetismo, têm sido perpetradas neste país.

Direitos humanos apenas a favor dos delinqüentes, cujo recolhimento ao xadrez configura um mero “acidente no trabalho”? Objetar-se-á que a Legislação – Código Penal e Código de Processo Penal – é branda, como de fato é. Mas creio não ser proibido indagar, se o justo é o que a lei diz que é, ainda, se o magistrado pode desconhecer a lei injusta ou tentar a consonância entre a sua decisão e a aspiração da sociedade. De qualquer forma, reitero minha afirmação feita na Universidade Mackenzie, nos idos de 1982, no momento em que um capitão do DOI-Codi ferreteava o Judiciário paulista: “ Deus me concedeu o privilégio de jamais ter deparado com um Juiz gaúcho venal.” No entanto, a recente autorização, pelo STF, para que seus seguranças municiem suas armas com as explosivas bala DUM-DUM, proibidas pela declaração de Haia, desde 1899, não só espanca a Moral Internacional, como revela não serem suas excelências, como presumem ser: dotados do celestial dom da inerrância.

Temos consciência de que algo pode ser feito em defesa de nossos filhos e dos filhos de nossos filhos. Urge um debate amplo em torno das variáveis mais significativas no favorecimento à criminalidade. Vale a pena tentar algo, mesmo sabendo que a planária, quando seccionada, regenera a cabeça e alguns tipos de homens só regeneram as unhas.

Biografia: O Tenente-coronel Paulo Francisco M. Pacheco reside atualmente em Taquara/RS, foi comandante da Brigada Militar de Camaquã entre 1969 e 1974 e sua esposa Iara Maria Lopes Pacheco, falecida em 07.02.2011, foi a primeira médica a atuar em Camaquã, como Ginecologista e Médica do Centro de Saúde. Tiveram uma filha, que se chama Larissa Lopes Pacheco, é médica veterinária formada pela UFPEL e fazendeira em São Francisco de Paula/RS.
 
Em breve o Blog do Juares estará fazendo uma matéria completa com esta grande pessoa que é o Tenente-coronel Paulo Francisco M. Pacheco.

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