sábado, 2 de abril de 2011

Nota de Indignação veiculada na imprensa falada local na ocasião

Pessoas angustiando de dor, entre crianças, idosos e mulheres com muitas dores de cabeça e febre, rezando para que fossem atendidas imediatamente, torcendo para ouvirem seus respectivos nomes pelo auto-falante anexado àquele estabelecimento.

Naquela tarde de 31 de dezembro de 2010, todos contagiados pelo espírito de festa, inclusive eu, pois não poderia estar imune àquele contágio festivo, porém no começo da tarde os percalços da vida me fizeram levar urgentemente minha àquele lugar.
Chegando lá, efetuei o prontuário dela, e posteriormente foi levada a uma sala, onde foi medida sua temperatura, a qual estava com 38,4 graus Celsius (estava com febre).

Feito isto, mandaram aguardar na sala de espera, sem ser medicada. Passou 30 minutos, e nada, passou 1 hora e nada, nesta altura escorada sobre meu ombro minha filha gemia de dor de cabeça e dor no corpo, além de estar com muita febre. Ao meu lado havia uma jovem mulher, a qual sentia muitas dores no corpo, na cabeça e náuseas (ela falou por várias vezes que sentia tanta dor que dava vontade de deitar ao chão), que quando eu cheguei já estava lá. Passou aproximadamente 1 hora e 20 minutos, não suportando ver minha filha gemer de dor, saí dali indignado falando palavras em voz alta tipo; o sistema de saúde pública não funciona mesmo. Fui até a farmácia que fica na esquina e comprei analgésico e antipirético, lá na farmácia havia no banheiro uma senhora sendo atendida por uma mulher (filha ou nora), esta senhora gritava de dor de cabeça e dor no corpo, como não aguentou esperar naquele lugar foi até aquela farmácia para ser medicada. 

Quando voltei minha filha estava sendo atendida pela médica de plantão. Estou falando do Hospital Pronto Socorro de Camaquã/RS (pois ela levou aproximadamente 1 hora e meia para ser atendida). Que país é este que pagamos imposto sobre tudo, inclusive sobre o salário que ganhamos, e trabalhamos uma vida toda, para que quando precisamos de atendimento médico temos que esperar uma hora e meia para sermos atendidos.
Naquele dia tinha apenas uma médica plantonista naquele nosocômio.

Gostaria de convidar as autoridades responsáveis pela área da saúde para permanecer apenas por trinta minutos, com aquelas pessoas necessitadas de atendimento médico, para ver o sofrimento delas, para ver como realmente funciona o SUS.

Por favor, alguém tem que fazer alguma coisa em nome dos mais desassistidos desta cidade, cadê nossos vereadores?

Penso eu que deveria ter no mínimo um médico plantonista do SUS por 15.000 habitantes por município, e municípios com menos 15.000 habitantes deveria ter um médico de plantão. 

Cadê o dinheiro que pagamos ao governo através de impostos, e não são poucos, cadê o dinheiro da CPMF que seria destinado à saúde, e ela está por vir novamente.

O ser humano é um ser adaptável, adapta fácil ás coisas, acostuma-se até mesmo com as coisas erradas, tornando-as normais. Vamos aprender a reivindicar nossos direitos, a brigar por uma qualidade de vida melhor, é o mínimo que possamos exigir dos nossos governantes.

Não estou aqui reclamando do atendimento dos profissionais, até porque minha filha foi muito bem atendida naquele dia, estou reclamando do tempo de espera para ser atendido, da falta de médicos nos prontos Socorros.

Camaquã, RS, 31 de dezembro de 2010. 


JUARES
Camaquã/RS

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