Hoje (25 de março) é Dia da Constituição Política do Brasil
Carta de Lei de 25 de março de 1824
“A palavra constituição, envolvendo
a ideia de que esta lei é a expressão da vida nacional,
tem o valor de seu sentido fisiológico: é uma predicação
política feita para assinalar que é uma lei adaptada à
realidade social, obedecendo a fins práticos, não só
originariamente inspirada em certa ordem de objetos gerais e permanentes,
mas ordinariamente dominada pelo escopo de sua aplicação ao
desenvolvimento evolutivo da sociedade.
A política é o laço
que domina o corpo da constituição e liga suas
disposições entre si e sua inteligência aos movimentos
da sociedade, do povo e dos fatos. Daí a supremacia, na interpretação,
deste amplo e elevado sentido, sobre a inteligência expressa, isolada
e lateral da lei.
O desvirtuamento da palavra política, em quase toda
a parte, e, assinaladamente, entre nós, faz surgir, nos espíritos
certa repugnância a aceitação desta inteligência
constitucional.
Quando não considerada arena de lutas pessoais, a política
é tida como luta partidária, entre homens que Pleiteiam certo
número de princípios teóricos. A concepção
acadêmica do Governo e do Estado, fundada sobre a pressuposição
de sistemas, normas e princípios permanentes, sugeriu a idéia
da separação entre as regras e programas, e as realidades da
sociedade, do homem e da terra. Daí a existência das políticas
dos partidos, em todas as nacionalidades, e a falta da política nacional”.
O nascimento do Constitucionalismo no Brasil deu-se antes
mesmo da Independência, em junho de 1822; no entanto tornou-se uma realidade
somente em 1824, com a promulgação da Constituição
Política do Império do Brasil. Esta foi a Carta Constitucional
de maior tempo de vigência da História do Brasil, 65 anos - de
25 de março de 1824 a 24 de fevereiro de 1891.
A 28 de novembro de 1807, a comitiva da Família Real, acompanhada
por mais de dez mil pessoas entre nobres, clérigos, fidalgos, funcionários
públicos, entre outras categorias, embarcaram em quatorze navios rumo
à América do Sul, devidamente escoltados por uma esquadra inglesa.
A partir de então, diversas ações da Coroa Portuguesa
contribuíram para a evolução da sociedade brasileira,
ainda incipiente. Como exemplos de incremento cultural, econômico e
político, citamos: criação da Junta de Comércio,
Agricultura e Navegação do Brasil; a Real Fábrica de
Pólvora; a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica;
fundação do Banco do Brasil (1808); surgimento de uma imprensa
nacional, a Imprensa Régia, e com ela o primeiro jornal do Brasil,
A Gazeta do Rio de Janeiro(14); entre outros avanços.
Assim, podemos afirmar que, ao mesmo tempo em que, permanecendo aqui, a Família
Real pretendeu paralisar possíveis movimentos de emancipação
política brasileiros, sua estadia aqui criou toda a estrutura política,
social, econômica e cultural necessária e propícia para
o desprendimento do Brasil de sua tutela. O Brasil deixava de ser uma mera
colônia do sistema mercantil português para fazer parte de um
liberalismo generoso, principalmente, em favor da Inglaterra.
A partir de então, a independência era cada vez mais iminente.
Em maio de 1822, a ruptura entre D. Pedro e as Cortes tornou-se mais profundo:
o Príncipe Regente determinou que qualquer ordem vinda das Cortes portuguesas
só poderia ser executada caso ele, D. Pedro, assinalasse o "Cumpra-se"
nos decretos. "Na prática, isso significava conferir plena soberania
ao Brasil”.O apoio à medida foi imediato: o Senado da Câmara
do Rio de Janeiro a D. Pedro o título de Defensor Perpétuo do
Brasil. (31).
Em 3 de junho de 1822, D. Pedro convocou uma Assembléia Constituinte.
A ideia original de Gonçalves Ledo e dos liberais radicais era
a de votação direta para a eleição dos constituintes.
No entanto, José Bonifácio Andrada, Ministro do Reino e dos
Estrangeiros, era contrário à Assembleia. Não
podendo, porém, impedir sua efetivação, José Bonifácio
conseguiu sua descaracterização através da instituição
da votação indireta para eleição dos representantes
na Constituinte.
UFGNet, CEDI
Nenhum comentário:
Postar um comentário