Espaço de Saúde: mundo virtual

Por Jaqueline da Maia
Psicóloga
Camaquã/RS

Atualmente vivemos numa sociedade de muito discurso e pouca ação, como se isso já não fosse de praxe. O sistema engessado não nos permite alçar voos e ganhar o céu, e continuamos felizes e livres dentro de nossas gaiolas particulares.

Não existe mais a necessidade da pesquisa, da busca, da absorção de um novo conceito, onde misturamos o novo com o já conhecido e ploft: uma nova maneira de pensar! Não, isso já não é mais necessário, porque hoje basta um clic e o Sr. Google nos bombardeia com informações nem sempre tão corretas, mas que bastam momentaneamente e assim vamos nos contentando com algumas verdades. Existem textos no espaço virtual que possuem mais de 30 autores, já não sabemos quem é quem e podemos ser quem quisermos, uma lei que se aplica a todos.

A sociedade esperneia, fala, grita, e se afoga nos discursos eloquentes, mas as pessoas estão cada vez mais a sós, trancafiadas em seus mundos e conectadas por um fio. É um paradoxo, vejo crianças e adolescentes que vivem mais virtualmente do que realmente, e lá nessa gaiola virtual você pode ser quem quiser, falar o que for conveniente e quando não estiver tão bom e só teclar para pular para outro avatar num outro mundo e ser outro qualquer. E assim após um tempo nos defrontamos com pais tendo grandes dificuldades para resgatar de algum lugar equidistante o filho errante que optou por viver numa outra dimensão, alguns pais não conseguem. Nesse contexto a reunião de família no fim do dia ou aos finais de semana entre risadas e banhos de mangueira foram esquecidos, entre uma tecla e outra.

Ninguém tem culpa e todos têm. Vivemos numa época de paradoxos, onde a ambiguidade se faz uma presença constante, creio que deva ser porque hoje nos perguntamos tanto sobre qualquer coisa, pelo simples fato de termos medo de errar, mas, nunca se temeu tanto a vida simples e pura. E ao mesmo tempo em que reforçamos as nossas janelas e portas para nos protegermos da violência que anda se espreitando pelas ruas escuras, não conseguimos nos proteger das sombras que habitam em nosso ser. E nos pegamos estarrecidos na frente de meios de comunicação que ganham ibope mostrando a parte mais sórdida que habita em cada um de nós. 

Se ainda existe uma chance??? Sim!!!Sobrevivemos ao cataclisma, os dinossauros se foram, mas nós, pequenos e frágeis estamos aqui para contar essa história, e vamos conseguir encontrar um meio de resgatar a intimidade que perdemos e a importância que ela merece. 

Fica uma dica: busque a poesia que existe num simples gesto, num abraço de filho, numa torta de bolacha aos domingos, porque a beleza é real, pode e deve ser tocada. 

Jaqueline da Maia – Psicóloga – CRP 07/19.163
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Telefone para contato: (51) 9624 9444 (Vivo)